Sol e Chuva

Monday, June 06, 2005

Manhã Nublada

O dia estava tão gostoso. As nuvens cobriam o sol, e até dava para sentir um friozinho de inverno. Era de manha, e ele tinha marcado de se encontrar com uma garota que havia sido muito importante para sua pouca vida.

Tantos pensamentos chacoalhavam sua cabeça de cabelos pretos, e olhos quase negros. Imaginava coisas totalmente sem nexo, como ela não iria, ou agiria totalmente o contrario do esperado, seria rude ao extremo, ou teria pena dele, trataria-o como uma pessoa imatura, não o levaria a sério. E de tanto supor o que aconteceria, não prestou atenção onde pisava, e afogou o pé em uma poça de água. Ficou um tempo parado, olhando para seu pé dentro da poça, e então percebeu que estava chovendo. Começou fraquinho, e depois, dava para ver seu busto pela camisa branca, de tão encharcado que estava. Olhou para frente, e viu as pessoas correndo da chuva, com livros cobrindo as cabeças, foi uma sensação engraçada e aconchegante ver as pessoas com medo da chuva, e ele ali, parado, sorrindo. E então continuou a andar, pensando nos últimos meses, os dias bons e ruins. Nada tinha mudado muito, tudo parecia uma rotina, até quando fazia coisas para tentar quebrar a rotina.Voltou os pensamentos à sua amiga, que iria encontrar hoje, percebeu uma coisa, uma coisa muito explicita, e ele nunca tinha notado isso, ele nunca havia tocado-a, nunca tinha dado um abraço nela, ou até mesmo um aperto de mão. Não que ela nunca havia tentado, mas era ele que nunca havia deixado-a, ele sempre dava um passo para trás, ou desviado a atenção quando a mão dela se erguia em sua direção. Ele tinha medo de quebrar a imagem imaculada, tinha medo de desfazer o encanto que tantas noites de choro, e choro prendido haviam criado.

Seus sentimentos estavam à flor da pele, tudo que ele queria agora era deitar em sua cama e chorar, chorar por tudo que lhe afligia, se trancar em um quarto e nunca mais sair de lá. Encostou-se em uma árvore, acendeu um cigarro, assim a chuva não o molharia mais. Respirou fundo, e disse para si mesmo que iria parar de chorar, mas não bastava só querer, teria de conseguir. E então sentou-se ali mesmo, no chão, em uma poça de água geladinha. Tentava colocar os pensamentos no lugar, e imaginou algo que lhe acalmasse. FLORES! Lembrou das fotos que havia tirado de flores. Ele adorava flores. Arriscava tudo, até sua maquina metido em cantos nada familiares, para tirar boas fotos de flores, com sua bolsa que guardava a maquina nas costas, e muita coragem, e estupidez de correr o risco de ser assaltado, ou até algo pior, por boas fotos de flores. Apesar dos avisos incessantes de sua mãe para não apostar muito na sorte, e as reclamações do pai, afirmando que gastava filmes inteirinhos com bobagens. Lembrou também dos elogios que recebera de amigos e até desconhecidos muito gentis, que diziam que suas fotos eram maravilhosas, e cheias de melancolia, dos sofrimentos, beleza, tentação, e coisas que não existem palavras para explicar. Conseguiu se acalmar, e o cigarro acabou, levantou, e pôs-se a andar novamente. Mas a chuva não tinha se acalmado como ele. Estava do mesmo jeito, mas ele já estava chegando no lugar marcado.

Era um centro comercial, pequeno, mas familiar e aconchegante. Após passar alguns minutos batendo os pés no tapete, e sacudindo a camisa quase transparente. Entrou, cabisbaixo, como sempre, como em todo canto. Dirigiu-se ao café que tinha combinado. Seu coração palpitava de emoção. Não que fizesse muito tempo que eles não se viam, mas tinha medo de tudo, imaginava tantas coisas que ele não queria que acontecesse. Pediu um café bem grande para esquentar a manhã, do tamanho de um balde, e após tomar um longo gole, enquanto se virava para sentar-se, ela apareceu, e disse:
-Olá.
Fazendo-o se queimar e derrubando uma boa parte na camisa branca.

Ela estava mais feliz do que nunca, parecia estimar a presença dele, e sua amizade. E quando ele conseguiu se desengasgar. Ela deu um longo abraço nele, e um beijo, como se fosse o ultimo da vida dela, mas não era triste, e sim, sorridente.



Renan Távora



(Esse conto é
um pouco velho,
mas eu gosto
muito dele,
espero que
vcs gostem)

3 Comments:

  • At 1:35 PM, Anonymous Anonymous said…

    acordei nesta manhã e um homem chacoalhava as mãos dentro do meu som, eu disse "o que esse maluco quer com todos esses violinos?", desliguei o som, sabe? Não se pode dar essa intimidadé p/ esses músicos malucos, eles acabam por tomar conta do seu som! Eu não admito isso, ai depois eu liguei o som denovo, e deixei ele fazer o que queria, só p/ mostrar quem manda.
    Depois eu saí de casa, e as pedras me contaram as novidades (Elas são tãaaaaaaaaaaao fofoqueiras, você não acreditária) e é claro que eu ouvi tudo, mas não tudo TUDO MESMO, quase tudo, não presto 100% de atenção em pedras... Quem você pensa que eu sou? Um maluco? Aí... eu continuei meu caminho, até a lua, ela no inverno fica muito bonita, brinquei com os patos, eu não sabia, mas eles aparecem por lá, Holden ficaria satisfeito por saber que é p/ lá que os patos do Central Park vão.
    Quando voltei para casa, guardei minha cabeça no aquario e fui dormir... esse foi meu dia...
    Hã? Você não perguntou? Cala a boca! Você nem existe...

     
  • At 3:41 PM, Anonymous Anonymous said…

    eu gostei bastante desse teu conto... achei realmente bom, eu li algumas coisas que tu escreve e gostei muito do teu estilo, acho que você escreve melhor conto do que poesia, não que suas poesias não sejam boas soh que eu prefiro os teus contos...

    depois da uma olhada no que escrevo e me diz o que tu acha

     
  • At 9:58 PM, Anonymous Anonymous said…

    ATUALIZA POHA!!!!

     

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