Sol e Chuva

Sunday, November 20, 2005

Todas as manhãs

Todas as manhãs

Todas as manhãs assim que acordava, corria para o mar, E arremessava pedras brancas o mais forte que podia, E elas corriam como cavalos, Pelas ondas pequeninas que começavam a se formar.

Todas as manhãs ela ainda na cama (de olhos semicerrados)Respirava bem fundo, o mais fundo que podia,Tentando tragar todo o azul (ou cinza) do céu.E com a incerteza de onde estava, Tentava pôr as lembranças em ordem.

Todas as manhãs ele pensava no fato de estar pensando sobre todas as manhãs, quando ainda era de manhã. Pensava também que estar pensando no fato de pensar era uma prova abstrata de sua doença imaginária.

Todo o verde calmo e palpável do mar é uma história tão densa que nunca haverá alguém que possa exprimi-la por completo.

Todas as manhãs em que uma singela gota de água escorrer pelo seu cabelo e manchar o papel que você se curva para escrever um novo poema que nunca mostrará para ninguém, sorria, pois a dama espreita debaixo da cama (ao lado dos sapatos) em busca de um deslize que você cometerá para agarrá-lo, e com sua tristeza (eterna) faze-lo olhar para a faca (comprimidos e janela) com outros olhos.

Todas as manhãs em que minha mão tocar seu cabelo, o vento soprará, (levantando a cortina e assobiando em meu ouvido), eu lembrarei que ainda estou sonhando e que nada é mais triste do que o mar.

Todas as manhãs seu maior desejo era fazer com que ao menos uma pedra se perdesse no horizonte do mar, (enfim poderia descansar em paz), mas só se deu conta disso com vinte e poucos anos, quando um caminhão estava sobre sua barriga e sentia o gosto da própria merda na garganta, enquanto pensava em todas as manhãs, vividas e não vividas, à beira do mar, que agora ele adentrava, nu.

Renan Távora Viana

Wednesday, November 09, 2005

Erva-Daninha

O corpo reluz enquanto salta pela colina,
Quente,
Era como baixar a cabeça sob um sol escaldante de meio-dia,
Tendo o suor escorrido pelos cabelos, e já tocando os ombros franzinos,
Era ter em mente a porta cinza & clara, já sabendo o q existe lá, e ser empurrado por um vento frio, esticando os braços para alcança-la enquanto sua consciência palpitava dolorosamente por suas pernas, que já haviam caminhado tanto em tão pouco tempo,
Querer não querendo,
Um ver não vendo,
(enquanto ele havia piscado)
O corpo havia parado, e se curvava sobre a areia fina e branca,
Para recolher ervas-daninhas do solo, como se fossem rosas, (hei de morrer amanha)
Em um ponto,
Em um suspiro,
Flutuava como criança, de barriga para cima na água salgada,
Da água,
Da areia,
À Erva-Daninha,



Renan Távora

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Eu disse que
ia voltar a escrever
e voltei...
Não tá muito bom,
mas eu vou melhorar...