Sol e Chuva

Wednesday, July 20, 2005

Poeminha

Poderia me preocupar em não pisar nas rachaduras,
Mas eu sempre amei o abismo, e olhar que ele me dava,
Vazio,
Ausente,

E amava ver sua face riscada à unha nas paredes amareladas,
Quadros,
Pintados,
De puro suor,
De seu suor,

Vendo-a passar, chorava e chovia lá fora,
Mas eu amava me derreter à todo segundinho,
Escorrer pelos ladrilhos,
Que não me preocupava em pisar,
E sempre me perguntava por que não me ocupava em não pisa-los,

Feito vento,
Cabelos,
Sorriam,
Enquanto o piano soava,
No fundo da sala,

E de olhos fechados,
Ele ousava à cada nota,
Ousava deixar de ser,
De ver,
De sorrir,
Ousava se ausentar por alguns segundos daquele corpo tão atraente,

E eu continuava brincando com o bibelô rosado,
Fingindo que ia junto na inspiração,
Mas tinha inveja por não estar sentado aonde ele estava,
E fechando os olhos como ele fechava,

Sempre gostei de abrir bem as narinas,
Com uma mania feia de sempre querer sentir o cheiro de tudo,

Mas aposto que ele também tinha inveja de não ser pequenino,
E ter um rosto amigável como o meu,

Sempre sentando no fundo da sala,
Na parte que a luz não chegava,

Uma vez alguém já estava sentado lá,
E eu pude chorar no seu ombro,
Mas era um sonho!
Previsível, não?!

Como quem anda,
Corre,
Foge,
Acreditando que ainda há tempo,



À vida de uma bela faca,
Que insiste em me cortar,
Toda vez que eu lembro dela,
Jura que não conta pra ninguém?
Eu gosto!





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Faz meses que eu estou sem escrever, esse foi o primeiro em
muito tempo, então, não levem tão à sério, eu estou enferrujado.
(olha a desculpa) Eu escrevi esse no computador, agorinha, acabei
nesse minutinho. Espero que gostem (olha como eu sou cínico).